Amácio Mazzaropi
Mazzaropi
Nome completo Amacio Mazzaropi
Nascimento 9 de abril de 1912
São Paulo
Nacionalidade Brasileiro
Falecimento 13 de junho de 1981 (69 anos)
Taubaté, São Paulo
Ocupação ator, produtor, cantor,
Cônjuge Geny Prado
Trabalhos notáveis Jeca Tatu
IMDb: (inglês) (português)
Amácio Mazzaropi (São Paulo, 9 de abril de 1912 — Taubaté, 13 de junho de 1981) foi um ator e cineasta brasileiro[1].
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Biografia
Filho de Bernardo Mazzaroppi, imigrante italiano e Clara Ferreira, portuguesa, com apenas dois anos de idade sua família muda-se para Taubaté, no interior de São Paulo. O pequeno Amácio passa longas temporadas no município vizinho de Tremembé, na casa do avô materno, o português João José Ferreira, exímio tocador de viola e dançarino de cana verde. Seu avô também era animador das festas do bairro onde morava, às quais levava seus netos que, já desde cedo, entram em contato com a vida cultural do caipira, que tanto inspirou Mazzaropi[1].
Em 1919, sua família volta à capital e Mazzaropi ingressa no curso primário do Colégio Amadeu Amaral, no bairro do Belém. Bom aluno, era reconhecido por sua facilidade em decorar poesias e declamá-las, tornando-se o centro das atenções nas festas escolares. Em 1922 morre o avô paterno e a família muda-se novamente para Taubaté, onde abrem um pequeno bar. Mazzaropi continua a interpretar tipos nas atividades escolares e começa a frequentar o mundo circense. Preocupados com o envolvimento do filho com o circo, os pais mandam Amácio aos cuidados do tio Domenico Mazzaroppi em Curitiba, onde trabalha na loja de tecidos da família[1].
Já com quatorze anos, regressa à capital paulista ainda com o sonho de participar em espetáculos de circo e, finalmente, entra na caravana do Circo La Paz. Nos intervalos do número do faquir, Mazzaropi conta anedotas e causos, ganhando uma pequena gratificação. Sem poder se manter sozinho, em 1929 Mazzaropi volta a Taubaté com os pais, onde começa a trabalhar como tecelão, mas não consegue se manter longe dos palcos e atua numa escola do bairro[1].
O teatro, o rádio e a televisão
Com a Revolução Constitucionalista de 1932 segue-se uma grande agitação cultural e Mazzaropi estreia em sua primeira peça de teatro, chamada A herança do Padre João. Já em 1935, consegue convencer seus pais a seguir turnê com sua companhia e a atuarem como atores. Até 1945, a Troupe Mazzoropi percorre muitos municípios do interior de São Paulo, mas não há dinheiro para melhorar a estrutura da companhia[1].
Com a morte da avó materna, Dona Maria Pita Ferreira, Mazzaropi recebe uma herança suficiente para comprar um telhado de zinco para seu pavilhão, podendo assim estrear na capital, com atuações elogiadas por jornais paulistanos. Depois, parte com a companhia em turnê pelo Vale do Paraíba. A grave situação de saúde de seu pai complica a situação financeira da companhia de teatro e, em 8 de novembro de 1944, falece Bernardo Mazzaroppi[1].
Dias após a morte de seu pai, estreia no Teatro Oberdan ao lado de Nino Nello, sendo ator e diretor da peça Filho de sapateiro, sapateiro deve ser, acolhida com entusiasmo pelo público[1].
Em 1946, convidado por Dermival Costa Lima da Rádio Tupi, estreia o programa dominical Rancho Alegre, encenado ao vivo no auditório da rádio no bairro do Sumaré e dirigido por Cassiano Gabus Mendes. Em 1950, este mesmo programa estreou na TV Tupi, mas agora contava com a coadjuvação dos atores João Restiffe e Geny Prado[1].
O cinema
Convidado por Abílio Pereira de Almeida e Franco Zampari, Mazzaropi estreia seu primeiro filme, intitulado Sai da Frente, em 1952, rodado pela Companhia Cinematográfica Vera Cruz, onde filmaria mais duas películas. Com as dificuldades financeiras da Vera Cruz, Mazzaropi faz, até 1958, mais cinco filmes por diversas produtoras[1].
Naquele mesmo ano, vende sua casa e cria a PAM Filmes (Produções Amácio Mazzaropi). O primeiro filme da nova produtora é Chofer de Praça, que agora passa não só a produzir, mas distribuir as películas em todo o Brasil. Em 1959 é convidado por José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o famoso Boni, na época da TV Excelsior de São Paulo, a fazer um programa de variedades que fica no ar até 1962. Neste mesmo ano começa a produzir um de seus filmes mais famosos, o Jeca Tatu, que vai aos cinemas no ano seguinte[1].
Em 1961, Mazzaropi adquire uma fazenda onde inicia a construção de seu primeiro estúdio de gravação, que produzirá seu primeiro filme em cores, Tristeza do Jeca, que também será o primeiro filme veiculado na televisão pela Excelsior e a ganhar prêmios para melhor ator coadjuvante, Genésio Arruda, e melhor canção[1].
Cinco anos mais tarde, lança o filme O Corintiano, recorde de bilheteria do cinema nacional. Em 1972 é recebido pelo então presidente da República, o general Emílio Garrastazu Médici, ao qual pede mais apoio ao cinema brasileiro. Em 1974, roda Portugal, minha saudade, com cenas gravadas no Brasil e em Portugal[1].
No ano seguinte, começa a construir em Taubaté um grande estúdio cinematográfico, oficina de cenografia e um hotel para os atores e técnicos. A partir de então produz e distribui mais cinco filmes até 1979[1].
Seu 33º filme, Maria Tomba Homem, nunca seria terminado. Depois de 26 dias internado, Mazzaropi morre vítima de um câncer na medula óssea aos 69 anos de idade no hospital Albert Einstein de São Paulo. É enterrado na cidade de Pindamonhangaba, no mesmo cemitério onde seu pai já repousava. Nunca se casou, mas deixou um filho adotivo, Péricles Mazzaropi[1].
Em 1994 é inaugurado o Museu Mazzaropi, localizado na mesma propriedade dos antigos estúdios, recolhendo a história da carreira de um dos maiores nomes do cinema, do teatro e da televisão brasileiros. Foi somente na década de 90 que a cultura brasileira começou a ver de uma outra óptica a obra de Mazzaropi, que durante sua vida sempre foi duramente atacado (ou ignorado) pela crítica e pela intelectualidade[1].
Filmografia
1. Sai da frente (1951)
2. Nadando em dinheiro (1952)
3. Candinho (1953)
4. O gato da madame (1954)
5. A carrocinha (1955)
6. Fuzileiro do Amor (1955)
7. O Noivo da Girafa (1957)
8. Chico Fumaça (1958)
9. Chofer de Praça (1958)
10. Jeca Tatu (1959)
11. As Aventuras de Pedro Malazartes (1959)
12. Zé do Periquito (1960)
13. Tristeza do Jeca (1961)
14. O Vendedor de Linguiça (1961)
15. Casinha Pequenina (1962)
16. O Lamparina (1963)
17. Meu Japão Brasileiro (1964)
1. O Puritano da Rua Augusta (1965)
2. O Corintiano (1966)
3. O Jeca e a freira (1967)
4. No paraíso das Solteironas (1968)
5. Uma pistola para Djeca (1969)
6. Betão Ronca Ferro (1971)
7. O Grande Xerife (1972)
8. Um Caipira em Bariloche (1973)
9. Portugal, minha saudade (1974)
10. O Cineasta das Platéias (1975)
11. O Jeca Macumbeiro (1975)
12. Jeca contra o Capeta (1976)
13. Jecão, um fofoqueiro no céu (1977)
14. O Jeca e seu filho preto (1978)
15. A Banda das Velhas Virgens (1979)
16. O Jeca e a égua milagrosa (1980)
17. Maria Tomba Homem (não concluído)
A partir de Chofer de Praça, em 1959, além de ser o protagonista, Mazzaropi também acumula as funções de produtor, e roteirista, colaborando frequentemente com os diretores. Recentemente, foi lançada em DVD uma coleção de 22 de seus filmes em sete volumes. Alguns dos filmes deles tinha o nome "Jeca" mesmo nesse filme ele nunca ter interpretado esse personagem (com exceção do filme Jeca Tatu)[1].
Homenagens
Desde a década de 80 a cidade de São Paulo possui equipamentos culturais com filosofia descentralizada com o objetivo de formar profissionais da arte e da cultura (ou reforçar a sua formação). A Oficina Cultural que homenageia Amácio Mazzaropi foi criada em agosto de 1990 e está instalada num edifício quase centenário (1912), construído especialmente para abrigar a segunda mais antiga Escola Normal de São Paulo, a Escola Padre Anchieta. O Condephaat tombou o prédio em 1988. Trata-se de um centro fomentador da cultura brasileira, responsável em trabalhar o resgate da cultura popular e o intercâmbio entre artistas com atividades nas diversas expressões artísticas. O objetivo é integrar artistas amadores e profissionais, formar públicos e ampliar sua atuação para bairros como o Brás, o Pari, o Belém e a Mooca[1].
Outra homenagem significativa é o filme longa-metragem Tapete Vermelho. Trata-se de um caipira (vivido por Matheus Nachtergaele) que resolve mostrar ao filho quem era Mazzaropi. No caminho até o cinema que exibe um filme do comediante, pai e filho se envolvem com violeiros que venderam a alma ao diabo, mandingas, o Movimento dos Sem-Terra, vigaristas que lhes roubam a mula, caminhoneiros e um milagre em Aparecida. Experiências que vão render a ambos uma grande lição sobre direitos humanos. A homenagem não pára no argumento do filme (que tem direção de Luiz Alberto Pereira): o ator Matheus Nachtergaele compõe um tipo com o mesmo andar e a mesma voz do ídolo[1].
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